Touro A
P |
nascer
(B.W.) |
P. Desmama (W.W) |
P. Ano
(Y.W.) |
D.E.P |
2.0 |
1,2 |
- 5.0 |
|
No caso acima,
se usarmos o touro A em nosso rebanho devemos esperar que os seus filhos
venham a nascer 2.0 kg mais pesados do que os filhos dos outros touros e que
estes mesmos animais na desmama pesem 1,2 kg a mais que os seus
contemporâneos (nas mesmas condições de manejo). Porém ao ano esses animais
deverão pesar 5.0 kg a menos do que a média dos bezerros nascidos na sua
propriedade. Esta explicação não está cientificamente 100% correta mas
acredito que seja útil para você começar a entender o conceito de D.E.P..
Neste caso podemos dizer que o touro A é melhorador para peso a desmama e piorador para peso ao ano, pois todos desejam um maior peso possível nessas idades.
Com relação a característica de peso ao nascer , esta deve ser analisada com muito mais cuidado. Muitos sumários trazem além do D.E.P do peso ao nascer, também o D.E.P para facilidade de parto (C.E em Inglês). Devendo esses dois D.E.Ps serem analisados em conjunto. Por
exemplo:
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Touro B |
Facilidade de Parto ou C.E |
Peso ao Nascer |
D.E.P |
- 3.0 |
5.0 |
|
Neste caso observamos que os filhos
do touro B, nascem com 5.0kg a mais que a média, isto poderia ser encarado
como vantagem ,porém sabemos que animais com alto peso ao nascer tem mais
problemas de parto. Neste caso os filhos do touro B também apresentaram 3%
menos partos não assistidos que a média, ou seja seus filhos apresentam um
pouco mais de dificuldade ao nascer. Portanto devemos ter cuidado com
animais que tenham altos D.E.Ps ao nascer e/ou D.E.Ps negativos para
Facilidade de Parto (principalmente para novilhas).
Além dessas características ,chamadas de efeito direto, que citamos acima, normalmente também são avaliadas as características de "Efeito Materno" ,ou seja, como as filhas de determinado reprodutor se comportam como mãe. Por exemplo:
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Touro C |
Peso ao Nascer |
Maternal total |
D.E.P |
1.1 |
0.5 |
|
No caso acima
devemos esperar que os filhos das filhas do Touro C pesem ao nascer 1,100 kg
a mais que a média de suas contemporâneas e que desmamem 500 gramas mais pesados que os demais. Note-se que neste caso estamos apenas analisando se as filhas do touro C serão boas mães, para isso è considerado o potencial genético para ganho de peso aliado ao potencial genético para a
produção de leite. Simplificando é isso.
Um outro fator muito importante para analisar uma prova de touro, é a confiabilidade desta prova ou seja , em quantas observações está baseado o D.E.P, Esse dado é representado pela Acurácia (ACC) ou Repetibilidade ( REP) que vária de 0 a 1. Quanto mais próximo de 1 for este número mais confiável será a informação do D.E.P..
Como exemplo podemos analisar os D.E.P.s de 2 touros do mesmo Sumário do mesmo ano.
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Touro D |
Peso Desmama |
Peso Ano |
Peso Ano |
1.0 (.95) |
2.8 (0.90 |
|
Touro E |
Peso Desmama |
Peso Ano |
D.E.P(ACC) |
7.0 (.15) |
9.3 (.09) |
|
Se
analisássemos simplesmente os D.E.Ps dos touros acima, poderíamos concluir
que o touro E é superior ao touro D para as características de peso a
desmama e peso ao ano.
Porém temos também que levar em consideração a confiabilidade desta informação.
Em relação ao touro D nós podemos afirmar com bastante segurança que ele é um melhorador para as características de peso a desmama e peso ao ano pois as Acurácias destes D.E.Ps são altas, acima de 0.9 e portanto muitos filhos foram avaliadas para se chegar a este D.E.P.
Já no caso do touro E apesar deste ter D. E. P. muito superior que seu concorrente as Acurácias destes D.E.Ps são muito baixas mostrando que esses dados não tem muita confiabilidade, ou seja, quando analisarmos um número maior de filhos desse reprodutor estes D.E.Ps poderão mudar muito, inclusive podendo se tornar um D.E.P. negativo. Devemos lembrar que acurácias muito baixas muitas vezes são apenas expectativas baseadas nos D.E.Ps dos país, sem a real avaliação da progênie do touro.
Portanto a D.E.P. nos diz o que podemos esperar de um reprodutor e a Acurácia nos diz o quanto podemos confiar no D.E.P.
A influência das condições
Um outro fator que devemos levar em consideração, quando nos baseamos em sumário e provas, é sob quais condições estas provas foram realizadas.
As diferenças entre os sumários as vezes são muito grandes e normalmente estas diferenças ocorrem devido as diferentes condições que os touros são provados ou as diferentes bases adotadas no cálculo dos índices .
Sabemos que é um erro, ou pelo menos pouco produtivo, provar-se um animal em condições diferentes das quais ele será utilizado.
Para exemplificar o que dissemos , vamos comparar os resultados reais de um mesmo touro no Sumário Norte Americano e no Sumário Brasileiro.
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Touro M |
Peso Desmama |
Peso Ano |
Efeito Materno Desmama |
North American Sire Evaluation 98 |
55.4 ( .92) |
80.2 (.92) |
31.1 (.91) |
Sumário Brasileiro 98 |
- 1.5 ( .65) |
- 1.2 (.73) |
- 1.7 (.30) |
Sumário Brasileiro 99 |
- 2.8 ( .69) |
- 1.9 (.76) |
- 3.8 (.40) |
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Acho que o quadro
acima mostra bem que animais provados em condições diferentes das nossas ,
mesmo que sejam considerados melhoradores naquelas condições , não são necessariamente melhoradores para a nossa realidade.
No quadro acima também podemos observar que neste caso quanto mais aumenta o número de filhos analisados ou seja, quanto mais aumenta a acurácia do D.E.P,
há uma tendência de piora nos resultados do animal em questão.
Vale lembrar que este exemplo é real e se refere a um touro Canadense, porém , poderíamos citar exemplos similares de touros Suíços, Alemães, Austríacos, etc... O problema não é o indivíduo mas sim aonde e sob quais condições a prova é realizada .
Portanto as provas e sumários são sem dúvida os melhores instrumentos para auxiliar os produtores no seu programa de melhoramento genético , porém devem ser usados criteriosamente pois caso contrário você corre o risco de estar fazendo um "pioramento genético" em seu rebanho.
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MARIO COELHO AGUIAR NETO
Zootecnista |
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*Extraído da Revista
Gado Simental n. 36 - Abril 2000.
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Genética e Tecnologia
(14) 3882-6468
03012001
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