A inseminação artificial é indiscutivelmente um dos grandes aliados do
criador para se promover o melhoramento genético do seu rebanho. Apesar
das suas inúmeras vantagens e do baixo custo ( raramente uma propriedade
investe mais do que 2% de seu orçamento na compra de sêmen), alguns
cuidados são fundamentais para se obter sucesso com esta técnica .
O sêmen usado na
I . A . é normalmente congelado no nitrogênio líquido (N2) a uma
temperatura negativa de 196 graus C e armazenado em botijões criogênicos
que permitem que o sêmen se conserve viável
por tempo indeterminado, desde que nunca falte N2 para
manter a temperatura interna do botijão. Nunca devemos deixar o nível do
N2 no botijão ficar abaixo de 15cm pois a partir daí o sêmen começa a
perder qualidade fecundante.
O botijão deve
ser mantido em local ventilado e fora do alcance do Sol, assim como, não
deve ter contato com fezes ou urina, pois estes podem corroer a carcaça do
botijão.
Outro cuidado que
devemos ter, tanto no armazenamento com no manuseio do botijão é fazê-lo
sempre com o piso do botijão paralelo ao chão. Isto porque a parte interna
do botijão é presa praticamente apenas pelo “pescoço” , e numa posição
diagonal ou obliqua estariam forçando apenas um lado. Se este apoio vir a
se romper, perde-se o vácuo existente entre as paredes do botijão e ele
estará comprometido. Neste caso, logo vamos observar acúmulo de água na
parede externa do botijão. Se isto ocorrer, devemos transferir o sêmen o
mais rápido possível para outro botijão.
Devemos sempre
lembrar que o N2 é um gás volátil e deverá sempre estar evaporando. Nunca,
em hipótese alguma vede o botijão para evitar a saída do gás, este
procedimento pode ser perigoso. A tampa do botijão já é projetada para que
haja uma pequena evaporação. Programe-se para reabastecer seu botijão
periodicamente, com uma boa margem de segurança, de acordo com a autonomia
de cada modelo. Normalmente um intervalo de 30 a 45 dias costuma ser o
ideal.
Além
de servir para armazenar sêmen e embriões, o N2 devido a sua baixa
temperatura também é usado por dermatologistas para queimar verrugas nos
humanos. Portanto, não se esqueça de que a temperatura do nitrogênio é
muito baixa e exige cuidado ao manuseá-lo, podendo causar queimaduras
sérias.
MANUSEIO DO SÊMEN
O
manuseio do sêmen deve ser feito em uma caixa de isopor com paredes de
aproximadamente 10 cm de altura, e comprimento de pelo menos 40 cm, para
que caiba uma raque deitada com folga. Coloca-se mais ou menos uns 5 cm de
nitrogênio e manipula-se com duas pinças, tomando o cuidado de manter o
sêmen sempre submerso no N2. Assim você poderá ler o que está escrito na
palheta sem perigo de comprometer a qualidade do sêmen.
Caso
o sêmen tenha sido coletado em uma central, na palheta deverá estar
escrito o nome do touro, seu código, a data da coleta ou partida e o nome
da central.
Apesar de muitos criadores coletarem seus reprodutores na fazenda, sempre
recomendamos a utilização de sêmen coletado nas centrais, pois só assim
podemos ter certeza de que o sêmen está livre de doenças transmissíveis.
TIPOS DE PALHETAS
Atualmente o sêmen congelado pode ser encontrado acondicionado em
basicamente 3 tipos de palhetas.
- 0,5
ml, é o tipo de palheta mais comum no Brasil, praticamente todo sêmen
congelado nas centrais brasileiras são envasados nesse tipo de palheta.
-
Mini turbo, é uma palheta com o mesmo diâmetro da 0,5, porém ela é mais
curta. É usada por algumas centrais da Alemanha.
-
0,25 ml, normalmente utilizada nos países europeus é também conhecida como
"palheta fina". Existe uma tendência mundial de que todo o sêmen venha a
ser envasado nesse tipo de palheta que tem a vantagem de ocupar menos
espaço no armazenamento, porém é mais susceptível às variações térmicas.
Vale
lembrar que o "aplicador universal" está perfeitamente apto a fazer a
inseminação com qualquer destes tipos de palheta, devendo, no caso da
palheta fina (0,25 ml) fazer a inversão das extremidades, ou seja,
aplicá-lo do outro lado.
TRANSFERÊNCIA DE MATERIAL
Sempre que for transferir uma raque com sêmen de um botijão
para outro, inicie colocando um botijão o mais próximo possível do outro.
Evite levantar a caneca acima do gargalo do botijão e faça a transferência
o mais rápido possível. Procure fazer a transferência com ajuda de outra
pessoa, pois assim, cada um controla a altura de uma caneca. Evite deixar
a caneca próxima ao gargalo por mais de 10 segundos, se necessário desça a
caneca para o interior do tanque, deixe resfriar a temperatura por mais 10
segundos e depois recomece a operação. Existe grande diferença entre a
temperatura dentro do botijão perto do gargalo e a de alguns centímetros
mais abaixo.
Obviamente sempre que for manusear sêmen ou embriões procure fazê-lo na
sombra, evitando a incidência direta de raios solares.
Recomendamos também que pelo menos a cada 5 ou 7 anos o inseminador passe
por uma reciclagem fazendo novamente um bom curso sobre inseminação
artificial.
Como última recomendação lembramos que para o sucesso reprodutivo é
fundamental que o rebanho esteja em boas condições sanitárias e
nutricionais, pois a técnica de inseminação artificial tem muitas
vantagens, mas não faz milagres. |