A
maioria de criadores de gado puro, na hora de selecionar os
reprodutores para uso próprio
ou para comercializá-los preocupam-se com o fenótipo e com a
performance desses animais. Já alguns criadores mais criteriosos
e conscientes só utilizam ou comercializam seus touros após
fazerem o exame andrológico destes futuros reprodutores. Este
exame avalia se o macho produz sêmen em quantidade e com
qualidade para efetuar a reprodução.
Poucos porém, são os
criadores que se preocupam em avaliar um outro fator que também
é muito importante para a eficiência de um reprodutor a libido,
ou seja, o apetite sexual do touro, ou ainda, a vontade que o
touro tem de enxertar vacas.
Assim como na espécie
humana, existem touros com maior e com menor vontade de acasalar,
o que faz com que a eficiência desses varie muito de animal para
animal.
Para se avaliar esta
característica existe um teste chamado de teste de capacidade de
serviço, que avalia, com boa margem de segurança, o número de
fêmeas que um macho pode cobrir com eficiência durante uma
estação de monta.
Devemos lembrar que além de
avaliar a libido dos animais em análise, o teste de capacidade de
serviço também nos ajuda observar outros problemas que o
reprodutor possa apresentar, tais como, problemas no aparelho
reprodutivo ou ainda problemas na aparelho locomotor (cascos e
articulações) durante o salto. |
O TESTE
O
teste de capacidade de serviço consiste em imobilizar fêmeas
fora do cio, em troncos de contenção, ao longo do perímetro
interno do curral, distante aproximadamente 5 metros entre si.
Normalmente utilizá-se 4 fêmeas para cada lote de 5 tourinhos,
mas esse número pode variar de acordo com as possibilidades de
cada propriedade.
Os tourinhos deverão ser agrupados
preferencialmente por idade e raça, e deverão sofrer um
estímulo visual (ver as vacas amarradas, sem ter acesso a elas)
por no mínimo 10 minutos. Após esse período, eles são soltos
no curral onde estão as vacas, quando deverá ser anotado o
número de montas completas que cada animal fez durante 40
minutos. Após este tempo devemos comparar o número de montas
completas com a Tabela A.
Devemos alertar os criadores que,
apesar da libido ser uma característica com herdabilidade alta
(aproximadamente 67%), fatores como idade do animal, machucaduras
e condição nutricional podem afetar negativamente os resultados
do teste. Portanto, no caso de baixa capacidade de serviço de um
animal, este deverá ser novamente submetido ao teste após algum
tempo.
Preocupado com a qualidade dos
tourinhos, o médico veterinário Antônio César Fernandes, que
atua na região de Goiânia, convicto de que o teste de capacidade
de serviço é uma ferramenta importante para a seleção de
touros da raça Simental, submeteu ao teste 79 tourinhos, com
idade entre 13 e 39 meses, de uma das propriedades em que presta
assistência. Tomou o cuidado de fazer o teste durante as horas
mais quentes do dia. Após o termino do teste obteve os resultados
demonstrados na Tabela B. |
Os resultados obtidos por Antônio
César Fernandes, onde a maioria dos animais apresentou entre alta
e média capacidade de serviço, mas 1/3 dos animais
apresentou baixa capacidade. Este resultado aproximou-se ao
encontrado em trabalhos recentes onde foi constatado que
independentemente da raça, 25% dos animais avaliados apresentam
baixa capacidade de serviço. Lembramos que, se o teste fosse
feito em horas mais frescas ou a noite o resultado poderia ser
ainda melhor. Portanto, devemos ser cada vez mais criteriosos na
nossa seleção de reprodutores, para que os compradores de touros
da raça simental continuem tendo bons resultados, conseqüentemente
voltando a comprar cada vez mais touros eficientes e
produtivos. |