MANEJO DE TOUROS SIMENTAL À CAMPO
 

INTRODUÇÃO:

No sentido de orientar fazendeiros que pretendem usar touros da raça Simental , escrevemos este artigo (baseado em manual feito pela Associação Brasileira dos Criadores das Raças Simental e Simbrasil) passando informações que julgamos importantes para se obter sucesso com a utilização de touros europeus a pasto. Além disto, nosso corpo técnico está sempre pronto á atende-lo e esclarecer eventuais dúvidas.
Antes de tudo devemos lembrar que estamos tratando de um animal Europeu que é mais produtivo, porém também exige alguns cuidados adicionais. Inicialmente deve-se considerar a linhagem do touro a ser comprado, pois a raça simental é a raça de maior população no mundo, isto devido à sua variabilidade genética e conseqüente diversidade de características. Portanto, é fundamental que se considere as vantagens de cada linhagem.
Informações sobre linhagens podem ser obtidas em nosso artigo “linhagens” .

DICAS PARA ADAPTAÇÃO DO ANIMAL:
É comum a perda de peso do animal quando adquirido em leilão, ou mesmo em propriedades, devido a mudanças alimentares, manejo e estresse. Se for possível pese o animal quando ele chegar em sua propriedade. Caso você não esteja tendo sucesso com ele pese-o novamente e compare os pesos, talvez isto lhe dê um bom indicativo do seu insucesso.
Para minimizar esse problema, o proprietário quando comprar um animal deverá obter informações com o vendedor sobre o manejo que o animal estava sendo submetido anteriormente (alimentação, pasto, sal mineral, instalações etc...). Devendo fazer com que a mudança seja gradual.
Um volumoso de boa qualidade, o uso de sal mineral de origem garantida e dependendo do caso, a administração de um concentrado (ração) ajudará muito na adaptação desse animal ao seu novo habitat.
Observar e controlar endo e ectoparasitas (carrapatos, berne e verminoses) periodicamente é fundamental.

MANEJO DE REPRODUTORES:

Para o trabalho a campo, os reprodutores de raças Européias estão sujeitos a vermes e notadamente ao ataque de carrapatos, que é com certeza o grande inimigo das raças taurinas. Os mais jovens sentem mais as conseqüências destas parasitas. Este tópico será abordado com mais detalhes a frente.
Quanto ao manejo em si, o ideal á manter apenas 1 reprodutor por lote de vacas. Isto evita a disputa pelas fêmeas em cio. Se isto não for possível, devemos separá-los por faixa etária, e nunca colocar num mesmo lote touros de raças diferentes ou reprodutores com chifres. A porcentagem ideal é 1 touro para cada 25 a 40 vacas, variando de acordo com o tipo de manejo, qualidade dos touros e tamanho dos pastos ,além da capacidade de serviço dos touros em questão.
Ao longo dos anos os criadores brasileiros testaram vários sistemas de manejo de touros em cruzamento industrial, com absoluto sucesso. Para optar por algum deles o pecuarista deve analisar as condições de manejo do seu rebanho, pastagem, clima e mão de obra disponível na propriedade.
Determinar a estação de monta, técnica de reprodução e manejo do rebanho, é muito simples, não requer investimentos adicionais e garante maior eficiência reprodutiva do rebanho. No entanto esta técnica ainda é pouco adotada por grande parte do pecuarista do país.
A estação de monta oferece muitas vantagens, tais como concentração de partos em épocas apropriadas, uniformização do manejo, formação de lotes uniformes – tanto de bezerros como de bois e fêmeas – período de descanso para os reprodutores e melhor controle de animais com substituição de touros e matrizes que representam problemas reprodutivos.
A época ideal para estação de monta é de outubro a março, período em que há maior abundância de volumoso e qualidade de pastagens. Podendo ser reduzida gradualmente até chegar no ideal que seria de novembro a janeiro.
Para quem terminou a estação de monta é hora de descansar os reprodutores em bom pasto para posteriores exames andrológicos descartando os de baixa fertilidade.

TIPOS DE MANEJO:


MANEJO SIMPLES
O touro é colocado junto com o lote de vacas por um longo período, sendo substituído apenas se houver algum problema, retirando-o somente ao termino da estação de monta.

MANEJO SIMPLES COM SUPLEMENTAÇÃO:
A semelhança com o sistema anterior, o touro permanece por um longo período com o lote de vacas, só que uma vez ao dia é tocado para um espaço cercado e suplementado com 2 ou 3 quilos de ração no próprio pasto. Além de servir um numero maior de vacas por estação este sistema também possibilita que o touro seja revisado diariamente.

MANEJO COM DESCANSO:
O touro permanece com as vacas no período que vai das 3 ou 4 horas horas da tarde até as 8 ou 9 horas da manha do dia seguinte, quando é separado em piquetes para descanso e recebe suplementação se necessário.

MONTA CONTROLADA:
Como acontece no sistema de inseminação artificial, os peões fazem controle de cio das vacas no rodeio, mas, ao invés de inseminá-las as conduzem aos touros. Este sistema pode ser usado também como complemento da inseminação.

ROTAÇÃO DE TOUROS:
Este sistema pode ser utilizado sem problemas em fazendas maiores e consiste em separar os touros em 2 ou 3 lotes. Um lote permanece com a vacada durante um período enquanto o outro lote esta descansando. Os lotes vão sendo trocados sucessivamente, assim cada touro trabalha por um período e descansa 1 ou 2. A rotação de touros é indicada especialmente para propriedades com touros jovens, que no período de descanso poderão ser suplementados para uma rápida recuperação .
Havendo touros de diversas idades é importante separá-los em lotes por idade.

MANEJO DIFERENCIADO:
Para esse tipo de manejo pode-se utilizar um bom pasto de até a 25 hectares, onde apenas um touro permanecerá, colocando-se com ele 25 a 30 novilhas ou vacas por um período mínimo de 45 dias, tempo suficiente para manifestação do cio e para realizar a monta. Após esse período as vacas serão substituídas por outro lote nas mesmas condições de cobertura. O lote que saiu do piquete irá para pastos maiores e será repassado por touros de raças zebuínas, cujos produtos, se houverem poderão servir de reposição do plantel zebu. Este sistema permite um melhor aprimoramento dos touros de qualidade superior e pode ser realizado em módulo com piquetes para vários touros.

MANEJO DEFERIDO:
Neste sistema deve-se separar os bezerros das mães, colocando-os num piquete adequadamente preparado com boa pastagem, sombra, água fresca e abundante (suplementação quando houver necessidade). Dos 45 aos 100 dias os bezerros mamam 2 vezes por dia, com esse sistema vacas entram no cio mais facilmente . O touro deverá permanecer com bezerros durante o dia e ser solto com a vacada a tarde. Pela manha quando as vacas são recolhidas para os bezerros mamarem, o touro será recolhido junto com os bezerros. Este sistema exige maior mão de obra, porém aumenta significativamente o índice de prenhez do rebanho.

CONCLUSÃO:
Todas essas informações têm como objetivo orientar o novo proprietário para obter sucesso com seu animal. O touro simental é um produto que como qualquer outro precisa de cuidados simples, porém necessários e se manejado de acordo é muito eficiente e produtivo.

PROBLEMAS E CUIDADOS COM A RAÇA SIMENTAL

1. CONTROLE DE CARRAPATOS:
É o principal problema das raças européias em regiões tropicais e subtropicais, pois além de debilitar os animais sugando o seu sangue, transmitem uma doença (causada por um parasito ) chamada popularmente de tristeza parasitária dos bovinos, que causa uma anemia no animal podendo até leva-lo a morte.
Normalmente este problema ocorre em bezerros porém pode aparecer em animais adultos caso estes ainda não tenham adquirido resistência. Principalmente animais importados ou oriundos de regiões onde não existem carrapatos.
Portanto devemos controlar o carrapato, mas não elimina-lo totalmente pois nesse caso os animais não desenvolveriam resistência a esta doença.
Caso se constate que o touro está anêmico sugerimos o tratamento preconizado pelo Dr. Marcelo Gaeta, nosso veterinário: fazer uma aplicação de 1 grama de Talcin para cada 100kg de peso vivo do animal e 1ml de Ganaseg para cada 20kg.
Existem vários tipos de carrapaticidas e devemos usá-los com muito critério e responsabilidade.
A resistência aos carrapaticidas varia de fazenda para fazenda. Vários laboratórios realizam testes para se identificar quais os princípios ativos mais eficientes para cada população de carrapato. Um produto eficiente em um rebanho pode não ser em um outro. Utilize apenas um princípio ativo por varias vezes seguidas, até que ele comece a perder eficiência daí você deve trocar o princípio (atenção produtos diferentes podem ter o mesmo princípio ativo). Siga rigorosamente as dosagens de cada produto e nunca dê subdoses. A pulverização deve ser feita em todo o animal e com bastante capricho principalmente dentro das orelhas e nas partes baixas (entre coxas) do animal. Não se esqueça de se proteger contra os carrapaticidas com mascara, óculos,e camisa de manga comprida. Nos animais de pelo curto a pulverização é mais eficiente pois os carrapatos ficam mais expostos.

2. PROBLEMAS DE CASCOS:
Deve se fazer uma observação de rotina nos cascos dos animais, assim como as devidas aparações. Um casco com defeito faz com que o animal deixe de pastar e cobrir causando prejuízos para o criador. Uma forma simples de se evitar inflamações nos cascos é passar os animais em pedilúvio (5% de sulfato de cobre e 3% de formol diluído em água).
Dê preferência para comprar touros oriundos de vacas sem históricos de problemas com cascos.

3. PROBLEMAS COM TESTÍCULOS
Apoiados em literatura estrangeira, durante muito tempo selecionou-se para uma circunferência escrotal grande. Porém os anos mostraram que para as nossas condições climáticas e nosso tipo de criação extensiva devemos tomar muito cuidado com animais de bolsa escrotal pendulosa pois estes têm sua vida reprodutiva encurtada por traumatismos nos testículos, muitas vezes causadas pelo impacto com as próprias pernas ou em troncos.
Quando for comprar um touro opte por animais de testículos medianos e que não sejam muito pendulosos, pois muitas vezes estes traumas são irreversíveis.

4. PROBLEMA DE OLHO
Existe uma preferência entre os criadores e usuários da raça simental por animais que possuam pigmentação ocular. Isto devido a incidência de câncer ocular que animais dessa raça apresentaram no passado. Hoje podemos afirmar com toda a convicção que o problema diminuiu muito e atualmente a incidência é bem pequena e ela ocorre principalmente entre animais com mais de 8 anos de idade. Baseado em 10 anos de coleta de dados de animais, que desenvolveram este problema, temos plena convicção de que existe uma predisposição genética de determinadas famílias para desenvolver este problema. Portanto é mais importante se conhecer a família do touro do que ver se ele tem óculos ou não.

5. CONTROLE DE MOSCAS DO CHIFRE:
É outro inseto que causa grandes prejuízos, causando um estresse muito grande nos animais. O touro por possuir um nível de testosterona no organismo superior às fêmeas, libera um odor que é atrativo para as moscas. Para seu controle existem varias opções dentre elas brincos, que estão sendo utilizados para o controle eficaz da mosca. A melhor época de se colocar o brinco é no começo de outubro, pois é neste mês que as moscas mais atacam. Eles apresentam um poder residual de até cinco meses. Na pulverização deve-se seguir as mesmas orientações que foram passadas para os carrapaticidas.
Observe que as moscas preferem os animais mais escuros, talvez seja interessante dar preferência a touros de pelagem clara.

6. MINERALIZAÇÃO:
Um animal precisa ingerir uma certa quantidade de mineral por dia, dependendo de sua exigência, e para que isso ocorra o ideal é fornecer o mineral junto com a ração quando for o caso. Caso o animal não coma ração o criador não pode deixar faltar o sal no cocho. Hoje existe uma gama muito grande de minerais no mercado para diversas épocas do ano e diferentes categorias. No inverno deve-se fornecer um sal proteinado para que o animal não se debilite neste período mais crítico.

7. COMPROMISSO DO VENDEDOR
O simental é uma raça que tem animais muito distintos em suas características. Por isso deve-se comprar animais de criadores que tem um esquema de seleção definido e coerente. Evite comprar animais de atravessadores pois estes não têm compromisso com a raça e não vão se preocupar em oferecer um indivíduo que realmente vai lhe servir. No passado comerciantes que simplesmente visavam lucro imediato queimaram várias praças importantes vendendo animais de baixa qualidade, animais não adaptados ou meramente cruzados com jeito de simental.

O ideal é que haja acompanhamento de um Zootecnista ou Médico veterinário na propriedade, para que o rendimento animal possa ser o máximo possível. Qualquer diferença no comportamento do animal notado pelo peão deve ser comunicado ao técnico para que seja providenciado o tratamento o mais rápido possível.
Os procedimentos mais indicados são: realização de exames andrológico antes do período a estação de monta; dar toque nas vacas antes para avaliar problemas reprodutivos e depois da estação de monta para diagnosticar a prenhez.

Qualquer duvida procure orientação técnica.    

Mário Coelho Aguiar Neto
Zootecnista
 



Genética e Tecnologia
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